quarta-feira, 19 de março de 2014

A dança é terapêutica para você? E dançaterapia, você já experimentou? Entenda a diferença entre uma dança que é terapêutica e a dançaterapia.



Todo mundo que já dançou experimentou um bem estar, em maior ou menor grau. Pode ser uma sensação de fluir, de se conectar com o universo, de plenitude ou simplesmente uma sensação de que, por alguns minutos, os problemas foram esquecidos. Por isso, toda dança é terapêutica, já que interfere em nossas emoções, modificando-as.

No começo do mês eu estava na ponte aérea Rio-SP, voltando de um dia intenso de trabalho. Sentei ao lado de uma mulher que conseguiu coisa rara: me fazer conversar a viagem toda. Como tenho viajado muito, avião para mim tem sido momento esperado de silêncio, de fechar os olhos e ficar comigo mesma. Mas essa mulher era especial, e falamos a viagem inteira. Sabe daquelas pessoas que conta a vida em meia hora de conversa? Então, ela me contou uma história emocionante, entre tantas coisas, de como a dança tinha modificado sua vida. Vou resumir aqui, pois a história toda daria um livro. A Ana (nome inventado, pois agora que me toquei... não nos apresentamos pelos nomes... ) depois de muitos anos tentando engravidar, conseguiu, mas infelizmente, no final da gestação, perdeu o bebê. Para lidar com a perda, procurou terapia. (Sim, o assunto começou pois me apresentei como psicóloga). Ela disse que a terapia não ajudou muito não, mas ela começou a fazer sapateado e que sentiu que lá sim, ela estava aprendendo a lidar com as emoções que afloraram neste momento tão difícil. A força e o ritmo dos passos, a energia dispensada na aula, as conversas com o professor. "O ritmo da dança mudou o ritmo da minha vida. A dança me ajudou a sair da depressão, acreditar que eu poderia vencer meus medos e seguir a vida". Ana engravidou de novo e hoje seu filho já é adolescente. Claro que ela também contou todas as dúvidas e angústias de ser mãe de adolescente, ainda mais ela, que viaja muito e... não tem mais tempo ficar com o filho... não tem tempo para dançar. A dança, para Ana, foi terapêutica. Ela está sentindo falta. 

Cada estilo de dança parece favorecer determinadas emoções. O sapateado é, sem dúvida, organizador. Contei para Ana sobre a dançaterapia, explicando que toda dança pode ser terapêutica, mas que a dançaterapia é um método específico para ajudar as pessoas a trabalhar aspectos emocionais através do movimento e da dança. Por ser acompanhado por um terapeuta, neste tipo de trabalho o paciente/ cliente recebe o suporte profissional para mergulhar em seu interior. Compartilhei com ela minhas inquietações e em relação às abordagens psicoterapêuticas tradicionais. Não por desacreditar, mas por agora conhecer um caminho que pode ser integrado à terapia tradicional, que é a DançaMovimentoTerapia. 

Claro que a Ana, assim como todos com quem eu converso sobre o assunto, perguntou: "Mas como é uma sessão de Dançaterapia? Precisa saber dançar? Faz tanto tempo que eu não danço!". Não, não precisa saber dançar. Basta estar disposto! A sessão é realizada à partir das necessidades de cada pessoa, individualmente ou em pequenos grupos e as propostas de movimento são bem livres. Há um momento de preparação para a sessão, que chamamos de aquecimento. Depois, trabalhamos propostas de movimento e ao final, a fala, despertada pelo corpo, entra em cena, e podemos conversar sobre as emoções, sentimentos, sensações que foram vivenciadas. A dançaterapia busca o processo terapêutico à partir do lado saudável de cada um de nós. Algumas pessoas procuram para lidar com a depressão, ansiedade, problemas nos relacionamentos pessoais ou no trabalho, outras, para o autoconhecimento e autodesenvolvimento. 

A Ana não tem tempo para voltar para o sapateado, nem mesmo para procurar dançaterapia... mas senti que seus olhos brilharam. O convite foi feito, um convite para o movimento. 
Ana, Vem Dançar!!!